terça-feira, 27 de abril de 2010

PASES



A prova de Literatura do Pases, Programa de Avaliação Seriada para Ingresso no Ensino Superior da Universidade Federal de Viçosa, exige do candidato o conhecimento de noções básicas de teoria literária, como gêneros literários, elementos da narrativa, elementos da poesia, figuras de linguagem. Além dos traços característicos e principais autores e obras das escolas literárias, desde o Humanismo e Classicismo até o Arcadismo (para o PASES I) e até o Simbolismo (para o PASES II). O candidato deve ainda ler três obras literárias.
Para o PASES I, é preciso a leitura de "Marília de Dirceu", de Tomás Antônio Gonzaga; "Boca de chafariz", de Rui Mourão; e "O Alienista", de Machado de Assis. Para o PASES II, o candidato deve ler "Iaiá Garcia", de Machado de Assis; "Navio negreiro e outros poemas", de Castro Alves; e "Vestido de noiva", de Nelson Rodrigues.
Para quem pretende pleitear uma vaga em qualquer curso da UFV, necessariamente vai ter de enfrentar a prova de Língua Portuguesa e Literatura que sempre tem muito peso. Então, é importante ler as obras, já que resumo nenhum substitui - embora às vezes, se for bom, ajude a compreender - a leitura do livro. Em outras postagens, falarei um pouco sobre cada uma das obras literárias pedidas. Quanto ao estudo da literatura exigido para a prova, é prestar atenção às aulas e estudar bastante.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Desencanto

Hoje quero deixar aqui um texto que li recentemente e gostei muito. É de uma ex-aluna minha e do colégio: a Júlia Pessôa. Ela é jornalista, formada pela UFJF, e escreve para uma coluna do site Bafafáetc. Confiram! O texto é muito bonito e faz a gente pensar.

Desencanto
23/03/2010, por JÚLIA PESSÔA

Houve um tempo em que éramos baixos demais para alcançar o interruptor e tínhamos medo do escuro. Hoje já não tememos, e embora sejamos altos o suficiente para acender a luz, vivemos cabisbaixos e na escuridão. Neste mesmo tempo de outrora, nossas metáforas eram mais bonitas, e falavam de coisas comuns. Agora o comum endurece as metáforas e o que era para ser bonito torna-se exagerado, réplica de mau gosto de si mesmo.

Tempos atrás, estávamos cercados de amigos, o tempo todo. Hoje em dia temos cada vez menos amigos de verdade, e os vemos com uma freqüência que diminui a cada encontro. Bom mesmo era o tempo em que culpa era algo que sentíamos por quebrar alguma coisa ou roubar uns trocados da carteira de nossas mães. A culpa que carregamos hoje é um fardo muito mais pesado: por nossas dependências, nossas omissões, nossa incapacidade de sermos quem as pessoas que amamos gostariam que fôssemos.

Que saudade de quando tínhamos certeza do que seríamos quando crescêssemos, e essas possibilidades eram infinitas! Agora somos o que somos e vivemos nos perguntando o que poderíamos ter sido. “E já é tarde demais para sermos qualquer outra coisa”, pensamos. Teve aquela época em que amar era só escrever duas iniciais num coração flechado. Embora amar ainda seja uma das melhores coisas da vida, hoje sabemos que é preciso muito mais do que colocar letras lado a lado para sermos “felizes”, e esperamos, com tudo que resta de nossa fé, que seja “para sempre”.

Em outras épocas, nossos pais eram heróis. Imortais e inabaláveis. Depois que crescemos, aprendemos que o colesterol e os anos são implacáveis; e que muitas lágrimas caíram em silêncio, porque éramos crianças demais saber que elas existiam. Ainda me lembro de quando “preocupação” podia ser traduzido como “prova de Física”, “prova de Geometria” ou prova de qualquer coisa que a gente soubesse menos do que devia. Ultimamente temos contas, temos filhos, temos hora, temos prazos... e não temos mais segunda chamada.

Houve um tempo em que achávamos saber tudo da vida. Hoje em dia, continuamos carregando esta arrogância e posamos de donos da verdade, publicamos nossas audaciosas certezas em colunas virtuais. Ignoramos que a verdade é dona de si mesma, e a única coisa que ela nos diz...é que ainda temos muito a aprender.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O romance de Tristão e Isolda 2



A postagem é um pouco longa, mas achei necessária. Fala das origens da lenda de Tristão e Isolda e como ela se manteve viva até os dias atuais. Para quem está lendo o livro ou já leu, é interessante.

Tristão e Isolda é uma história lendária sobre o trágico amor entre o cavaleiro Tristão, originário da Cornualha, e a princesa irlandesa Isolda. De origem medieval, a lenda foi contada e recontada em muitas diferentes versões ao longo dos séculos.
O mito de Tristão e Isolda tem provável origem em lendas que circulavam entre os povos celtas do norte da Europa, ganhando uma forma mais ou menos definitiva a partir de obras literárias escritas por autores normandos no século XII. No século seguinte a história foi incorporada ao Ciclo Arturiano, com Tristão transformando-se em um cavaleiro da távola redonda da corte do Rei Artur. A história de Tristão e Isolda provavelmente influenciou outra grande história de amor trágico medieval, a que envolve Lancelote e a Rainha Guinevere. A partir do século XIX até os dias de hoje, o mito voltou a ganhar importância na arte ocidental, influenciando desde a literatura até a ópera, o teatro e o cinema.

A Lenda
O mito de Tristão e Isolda foi retratado de diferentes maneiras na Idade Média. Em linhas gerais a história pode ser descrita assim:
Tristão, excelente cavaleiro a serviço de seu tio, o rei Marc da Cornualha, viaja à Irlanda para trazer a bela princesa Isolda para casar-se com seu tio. Durante a viagem de volta à Grã-Bretanha, os dois acidentalmente bebem uma poção de amor mágica, originalmente destinada a Isolda e Marc. Devido a isso, Tristão e Isolda apaixonam-se perdidamente, e de maneira irreversível, um pelo outro. De volta à corte, Isolda casa-se com Marc, mas mantem um romance com Tristão que viola as leis temporais e religiosas e escandaliza a todos. Tristão termina banido do reino, casando-se com Isolda das Mãos Brancas, princesa da Bretanha, mas seu amor pela outra Isolda não termina. Depois de muitas aventuras, Tristão é mortalmente ferido por uma lança e manda que busquem a Isolda para curá-lo. Enquanto ela vem a caminho, a esposa de Tristão engana-o, fazendo-o acreditar que sua amada não virá. Tristão morre. Isolda, ao encontrá-lo morto, morre também de tristeza.

Origens do mito
As primeiras possíveis referências aos personagens de Tristão e Isolda são encontradas em textos medievais em língua galesa como as Tríades Galesas. Lendas com argumentos semelhantes, mas envolvendo personagens com nomes diferentes, podem ser encontradas em alguns textos irlandeses medievais, como a lenda de Diarmuid e Gráinne contida no Ciclo Feniano. Apesar de essas referências ajudarem a estabelecer que a lenda de Tristão e Isolda teve origem entre povos de língua celta do norte da Europa, os poucos textos existentes tornam difícil saber exatamente como seriam as primeiras versões sobre o tema que circularam na Alta Idade Média.
Alguns autores acreditam que a lenda de Tristão e Isolda poderia ter sido influenciada por uma história persa do século XI, Vis u Ramin. Considera-se mais provável, porém, uma origem no folclore celta europeu e que a semelhança com contos persas seja um paralelismo.

Primeiras obras literárias
As obras literárias mais antigas sobre Tristão e Isolda que chegaram até hoje são fragmentos de dois romances em verso escritos na segunda metade do século XII em francês antigo. O primeiro deles, composto no período entre 1160 e 1190 por um misterioso autor chamado Béroul, apresenta uma história de caráter popular e violento, relativamente pouco influenciado pela estética do amor cortês medieval. A outra obra é Tristan, escrita por Tomás da Inglaterra em cerca de 1170. Ao contrário da obra de Béroul, a versão de Tomás apresenta um Tristão perfeitamente integrado à estética "cortês" da época. É possível que as obras de Tomás e Béroul tenham se inspirado em um livro primordial celta, hoje perdido.
O grande poeta francês do século XII, Chrétien de Troyes, diz no prólogo de um de seus livros que escreveu uma obra sobre Tristão e Isolda. Essa obra, se é que foi realmente escrita, parece perdida atualmente.
Na mesma época, por volta de 1170, a poetisa francesa Maria de França escreveu um pequeno lai retratando um encontro secreto entre Tristão e Isolda e a dor da separação. No poema, Maria de França afirma que a história é intensamente contada e conhecida em seu tempo. Em cerca de 1185, Eilhart von Oberg escreveu Tristant em alemão antigo, baseando-se provavelmente na versão de Béroul. Outro alemão, Gottfried von Straßburg, escreveu ao redor de 1210 outro grande romance em verso em língua alemã, nesse caso inspirado na versão cortesã de Tomás de Inglaterra. Essa mesma versão foi usada na tradução em prosa em língua nórdica antiga feita por volta de 1227 pelo irmão Roberto, escritor francês da corte norueguesa.
Entre 1230 e 1240, foi terminada uma grande prosificação da lenda de Tristão e Isolda, atualmente denominada Tristão em Prosa que foi extremamente popular nos séculos seguintes.

Influências na Idade Média e Renascimento
Nos séculos seguintes, os primeiros livros sobre Tristão e Isolda continuaram a ser reelaborados, inspirando outros romances em prosa e poemas em vários países europeus.
A lenda foi particularmente popular na Itália, onde inspirou muitas obras desde o século XIII ao XV, inclusive muitos poemas (cantari) destinados a serem recitados em praça pública. Dante retratou Tristão no segundo círculo do Inferno - lugar dos luxuriosos - em sua Divina Comédia.
Em alguns lugares da Europa a fama da lenda continuou durante o Renascimento. Na Espanha foi publicado em 1501 um Libro del caballero Don Tristán de Leonís que alcançou enorme sucesso, sendo reeditado repetidas vezes até os anos 1530, ganhando inclusive uma continuação. De maneira geral, porém, a lenda de Tristão e Isolda perdeu importância a partir do século XVI.

Tristão e Isolda em português
Sabe-se que o mito de Tristão e Isolda chegou pelo menos no século XIII ao noroeste da península ibérica, onde se encontram Galiza e Portugal, havendo várias menções aos personagens da lenda nos cancioneiros de lírica galego-portuguesa. No Cancioneiro da Biblioteca Nacional, uma compilação de lírica medieval galego-portuguesa, há algumas poucas baladas e traduções livres de lais franceses que se referem ao mito. O rei-poeta português D. Dinis (1261-1325) compôs uma cantiga em que compara o seu amor por uma donzela com aquele de Tristão e Isolda:

"…quero-vos eu tal ben
Qual mayor poss' e o mui namorado
Tristan sey ben que non amou Iseu
quant' eu vos amo, esto certo sey eu,…"

Depois de um longo período de pouco interesse, o mito de Tristão e Isolda recobrou significado no século XIX, marcado pelo movimento romântico nas artes. Na literatura, por exemplo, o tema inspirou o poeta inglês Alfred Tennyson em um dos episódios de Idílios do Rei (1885). O tema também foi constante entre pintores românticos e modernos nos séculos XIX e XX.

Influência moderna
Talvez a mais famosa obra de arte moderna baseada no mito seja a ópera em três atos Tristan und Isolde, composta entre 1857 e 1859 pelo alemão Richard Wagner. A ópera, que retrata os personagens como heróis românticos, foi baseada na obra de Gottfried von Strassburg sobre a lenda. Já no século XX, o francês Olivier Messiaen compôs Turangalîla-Symphonie (1946-48) inspirada no romance entre Tristão e Isolda.
O mito chegou cedo ao cinema. Já em 1909 estreou o filme francês mudo Tristan et Yseult. Em 1948, Jean Delannoy dirigiu O Eterno Retorno, uma adaptação do mito aos tempos modernos, com Madeleine Sologne e Jean Marais nos papéis principais. Em 2006, chegou aos cinemas uma nova versão, Tristan & Isolde, produzida por Ridley Scott e estrelada por James Franco.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Se eu fechar os olhos agora 5

Assisti aos vídeos que postei aqui há alguns dias. Um é a leitura do prólogo do livro pelo próprio Edney, com aquele vozeirão que lhe é peculiar. O outro é uma entrevista que ele deu sobre o livro e sobre coisas relacionadas ao livro: a cidade natal, amizade, leitura. É ótimo. A gente fica com mais vontade de conhecê-lo, de ouvir mais sobre o livro, sobre literatura, sobre a vida. É pena que o encontro com o autor tenha sido adiado. Agora, o jeito é esperar um pouco mais. Assistam aos vídeos e deixem comentários.
Um abraço.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Se eu fechar os olhos agora 4

Em uma postagem anterior, pedi aos alunos que deixassem comentários, respondendo à pergunta: Por que ler Se eu fechar os olhos agora? Alguns já fizeram isso e selecionei uns trechos que achei interessantes para postar aqui. A intenção é mostrar a todos os leitores do blog o que os alunos viram de bom na leitura do livro, que pontos eles gostaram mais ou acharam mais importantes. É também uma forma de quem não leu ter mais informações sobre o livro e de estimular essa leitura. Os trechos vão sem o nome dos autores porque alguns são tímidos e não gostariam de sua identidade exposta na página principal do blog. À medida que os alunos forem postando esses comentários, acrescentarei outros aos aqui colocados. Conheçam um pouco do romance de Edney Silvestre pelos olhos de meus adoráveis alunos.

"(...) [o livro] mostra como dois meninos (Eduardo e Paulo) amadurecem na vida: por acharem o corpo de uma mulher brutalmente assassinada, acabam se envolvendo com o misterioso motivo desta morte e vão descobrindo, assim, as injustiças e os pesares da vida".


"Se eu fechar os olhos agora é um romance que relata uma emocionante aventura, repleta de descobertas e surpresas em cada capítulo".

"Não é difícil ficar horas e horas lendo porque sempre queremos saber o que está por vir no próximo capitulo".

"O início do livro é uma aventura recheada de surpresas, extremamente chocantes em certos pontos".

"A leitura é extremamente prazerosa, e muito mais que um romance, o livro é um verdadeiro deleite histórico, retratando costumes e fatos históricos da época em que a história acontece".

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O romance de Tristão e Isolda

A lenda de Tristão e Isolda é uma das mais belas histórias de amor da cultura ocidental. Trata de um amor proibido, impossível e, por isso mesmo, trágico. A beleza talvez esteja exatamente aí. Tristão é um guerreiro destemido que ama e serve com bravura a seu rei, e também tio, o rei Marc. Para sua infelicidade, apaixona-se perdidamente por Isolda, que vem a ser tornar esposa do rei. Isolda corresponde aos sentimentos de Tristão e os dois passam a se encontrar nas "barbas" de Marc. Temos aqui alguns ingredientes infalíveis para uma boa história: o triângulo amoroso, a paixão desenfreada e a consequente infidelidade, e a já citada proibição da realização do amor. Os românticos nos ensinaram a amar esse tipo de história. E a chorar com ela. E a desejar um amor assim, apesar do adultério e do final infeliz. O adultério é justificado pela força da paixão. Os dois bebem sem querer uma bebida mágica que os deixa loucos de amor. A paixão metaforizada em uma droga, um alucinógeno. É aquela história de que não escolhemos por quem nos apaixonamos. Já o final infeliz - a morte do casal - torna o texto mais belo, ainda que ansiemos pelo doce "final feliz" dos folhetins românticos. Escolhi essa lenda como primeira leitura das turmas de 1º Ano do Colégio Ruy Barbosa porque sou (por que negar?) apreciadora dos folhetins. Foi com eles que aprendi a gostar de ler. Além disso, a história tem muita aventura, revelações, reviravoltas, desencontros, suspense, enfim um pouco de tudo que todos estão acostumados a assistir nas novelas e filmes - ambos desdobramentos do romance do século XIX. Outro motivo importante é que a lenda de Tristão e Isolda é uma espécie de novela de cavalaria, pertence ao período medieval e ilustra muito bem o Trovadorismo, primeiro estilo literário estudado pelas turmas. Mas voltando ao gosto por histórias de amor trágico, acho que ele se deve à força do sentimento dos amantes. Essa força é capaz de arrebatá-los de tal forma que as sanções são esquecidas. As pressões de nossas vidas são tantas e tantas vezes gostaríamos de poder esquecê-las, gostaríamos que uma força assim nos arrebatasse também. E se não podemos viver isso na realidade, nos resta a ficção. E os romances, como o de Tristão e Isolda.

Corda bamba

Da mesma revista, Conhecimento Prático Literatura, que deixar aqui também um poema de Salgado Maranhão muito interessante que fala do ofício do poeta e de todo escritor.

Corda bamba

o poeta é mercador
traficante de caminhos
que vende raios,
sinfonias
e horizontes.
frugal mercador de eternidades
- porta a porto -
aos quatro cantos do luar
ao mar
ao ar
sob o tempo
e o temporal.

o poeta corre o risco
entre o amor livre
e a palavra.
está sempre atrás do pano
em plena corda bamba
do mistério.
e atravessa submerso as metrópoles
dos olhares
feito um louco solitário
que come fogo.

"O que você anda lendo ultimamente?"

Hoje quero deixar aqui um trecho de um artigo de Renato Alessandro dos Santos, publicado na revista Conhecimento Prático Literatura, que li recentemente.
"Da mesma forma que a música de Beethoven é capaz de oferecer ao ouvinte um pouco mais da personalidade arredia do gênio, com a literatura, também passamos a frequentar a cabeça dos escritores, descobrindo o que se passa ali dentro, quer eles queiram ou não. Se qualquer que seja a vida ela já vale a pena, imagine andar pelo mundo, conhecendo-o e conhecendo-se, tendo ao seu lado gente como Jack Kerouac, Eça de Queirós, Érico Veríssimo, Willian Shakespeare, Cervantes, Dante, Chaucer, Dostoiévski ou os goliardos da Idade Média. A literatura é uma dama de muitos séculos que, como uma jovem vampira, está sempre cinematograficamente jovial, adolescendo com uma consciência de espírito que atravessa os séculos, à disposição de qualquer um que goste de ler e que saiba responder à pergunta de Drummond: 'Trouxeste a chave?'". O artigo de Renato fala sobre a importância de se começar cedo o hábito de leitura e de ler os clássicos. E os bons autores em geral. A leitura é um hábito. E como todo hábito deve ser cultivado todos os dias. E que leitura nos torna melhores leitores? Que leitura nos dá a "chave"? A leitura de textos literários, de bons romances, contos, crônicas e poesia, muita poesia. O texto literário exige do leitor maior atenção ao próprio texto, maior raciocínio, perspicácia. E como é prazeroso compreender um texto depois de tempos de já tê-lo lido e não entendido simplesmente porque faltava vivência literária para isso. Quanto mais lemos, melhor lemos. Renato termina o artigo voltando à metáfora da dama: "A literatura é uma dama e, como tal, deve ser cortejada por todos que a querem bem".

domingo, 11 de abril de 2010

Agradecimentos

Quero muito agradecer o incentivo e o apoio que o blog recebeu através do comentários deixados aqui até hoje. Obrigada, gente! Continuem participando e dêem sugestões para tornar este espaço cada vez mais agradável e interessante.
Um abraço.

Se eu fechar os olhos agora 3

Indicação literária é um tipo de texto que apresenta, entre outras coisas, o motivo por que devemos ler uma determinada obra literária. O que é que essa obra tem de interessante? Que atrativos apresenta? Que prazeres oferece? No caso de um romance, podemos falar sobre o enredo, sobre a história em si, ou sobre a linguagem, a estrutura romanesca, o papel social do livro. E eu gostaria de convidá-los a escrever uma indicação literária, no espaço destinado aos comentários, sobre o romance que dá título a esta postagem. Então, por que ler Se eu fechar os olhos agora?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Se eu fechar os olhos agora 2

Tem romances que de certa forma se tornam maiores que seus autores. A tal ponto que esquecemos quem o escreveu ou nem nos interessamos em saber. Claro que esse não é o caso dos professores de Literatura, como eu. Nós olhamos o autor antes mesmo da obra. Talvez porque saibamos conscientemente que sem autor não há obra ou porque simplesmente faz parte do nosso ofício dar ao autor o lugar que lhe é devido. Mas os leitores comuns - aqueles que pegam um livro para ler porque foram com a cara dele, porque a história parece interessante ou porque alguém disse que era bom -, muitas vezes se lembram direitinho do que trata o livro, mesmo depois de anos da leitura terminada, já do autor... Bom, esse caiu no esquecimento ou no desconhecimento. Acreditem, isso já aconteceu comigo. Foi há muito tempo, claro. Antes de entrar para a faculdade de Letras. No caso de Se eu fechar os olhos agora, o romance que li com minhas turmas do 2º Ano do Ensino Médio do Colégio Ruy Barbosa, já era notória desde o início a autoria do livro. É que o autor é famoso por sua atuação em outra área, não tão distante da literatura: o jornalismo. Se eu fechar os olhos agora é o primeiro romance do jornalista Edney Silvestre. Correspondente da Globo em Nova Iorque por muitos anos, seu rosto e sua voz tornaram-se conhecidos por milhões de brasileiros. Mas a verdade é que mesmo conhecendo e reconhecendo esse autor, o livro acaba por superar e se destacar mais do que ele. A escrita ágil e plástica de Edney, de linguagem esmerada que mistura o coloquial das falas de seus personagens ao culto sem rebuscamentos do narrador, dá tanto prazer ao leitor que acaba por enaltecer o autor, ao mesmo tempo que o ofusca. Além disso, a história tem elementos suficientes para se tornar parte da lista de livros preferidos ou sempre lembrados por aqueles que a leram. A verdade é que uma história bem escrita, que proporcione uma convivência tal com os personagens a ponto de termos a impressão de que os conhecemos realmente, que dá a esses personagens quase que uma existência física, nunca é esquecida. É o que acontece com o livro de Edney Silvestre. Felizmente, para nós (eu e meus alunos), o autor tem mais um ponto a favor de seu reconhecimento. Ele virá bater um papo, assim cara a cara, com os meninos numa visita que fará ao colégio. Acredito que vai ser uma espécie de materialização do autor. Esse ser tantas vezes esquecido, relegado a segundo plano, pela excelência de sua criatura, o livro, vai, no nosso caso, estar em carne e osso dia 26 de abril conversando conosco, os seus leitores. Não preciso nem dizer que a professora aqui espera ansiosamente por esse dia.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Se eu fechar os olhos agora

O primeiro romance de Edney Silvestre intriga o leitor desde a primeira página. Já no prólogo do livro conhecemos um de seus protagonistas e o fato motivador da trama: o corpo mutilado de uma jovem mulher. Duas crianças encontram o corpo. E jamais se esquecem disso. O livro tem cara de romance policial, mas é muito mais do que isso. As crianças que protagonizam a história logo ganham a simpatia do leitor, por sua fragilidade e ingenuidade. E no decorrer do romance vão amadurecendo, entrando na crueza e brutalidade do mundo adulto. Mas a obra vai além do romance de formação. Ela denuncia o quanto uma sociedade pode ser cruel com aqueles que consegue subjugar. Mostra a prepotência e a hipocrisia dos donos do poder em uma cidade interiorana. E o abandono de uma saga de mulheres, negras, que servem em tudo a esses donos. Se eu fechar os olhos agora é um romance que merece ser lido por tudo o que foi apontado aqui e por tudo que não foi dito. O livro é muito mais do isso. Em outro momento, falaremos sobre.

E por falar em literatura...

A literatura é uma de minhas paixões. Desde pequena, mesmo antes de aprender a ler, as palavras já me intrigavam. A leitura faz parte de minha vida. Não sei passar um único dia sem ler um livro, uma revista ou qualquer coisa impressa. É um vício. Desejo que este blog seja um espaço para falar sobre literatura, trocar experiências de leitura, para compartilhar o prazer que um bom livro pode proporcionar. Costumo dizer aos meus alunos que nunca saimos os mesmos da leitura de um bom livro. Ele nos modifica, nos transforma. E de que serve um aprendizado, uma vivência, que guardamos só para nós? Precisamos dividir, comentar, encontrar outros que possam entender o nosso entusiasmo diante da história lida ou dos versos que nos enleiam. A literatura é atraente, encantatória. Isso porque é verossímil, fala da vida sempre. Falar de literatura é falar da vida e de tudo que dela faz parte. Falemos, pois...