quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O último dos moicanos

Oi, gente! Como está difícil encontrar o filme O último dos moicanos, vou deixar um link aqui para quem precisar baixar. Um abraço.
Acessem o link abaixo para baixar o filme.
http://www.filmescompletos.info/filme-o-ultimo-dos-moicanos-legendado ou http://www.megaupload.com/?d=JFEJS372 ou ainda http://www.megaupload.com/?d=Q808TOMK

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Macunaíma - O herói sem nenhum caráter


“O brasileiro não tem caráter porque não possui nem civilização própria nem consciência tradicional”.
(Mário de Andrade)

Publicado em 1928, Macunaíma, o herói sem nenhum cará-ter, é uma das obras pilares da cultura brasileira.
Revolucionária, desafiou o sistema cultural vigente com uma nova organização da linguagem literária.

“No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma”.

Traços característicos:
* Narrativa fantástica ou picaresca (malandra);
*Reelaboração de temas da mitologia indígena com visões folclóricas da Amazônia e do resto do Brasil;
*Presença das vanguardas européias: Dadaísmo, Futurismo, Expressionismo e Surrealismo (tom bem humorado e inventividade narrativa e linguística);
*Romance modernista que melhor sintetiza as propostas do movimento antropofágico;
*Linguagem popular de várias regiões do Brasil;
*Rapsódia: termo usado para definir epopéias como a Ilíada e a Odisséia, de Homero, que contém séculos de narrativas poéticas orais e resumem as tradições folclóricas de todo um povo;
*Criação de mitos: Mário inventa mitos da criação do futebol, do truco, do gesto da “banana” ou do termo “Vá tomar banho!”;
*Espaço e tempo mágicos, próprios da atmosfera fantástica e maravilhosa em que se desenvolve a narrativa;
*Abundância de enumerações com as quais o autor pretende desregionalizar sua obra: “(...) frequentava com aplicação a murua a poracê o torê o bocorocô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo”.;
*“Carta pras Icamiabas”: sátira ao beletrismo parnasiano da época – Macunaíma escreve a suas súditas, as icamiabas, contando como é a cidade de São Paulo em linguagem rebuscada.

Nome do herói: a palavra MAKU, que significa “mau” + o sufixo IMA, “grande”. Assim, Macunaíma significaria “O Grande Mau”.

Personagens principais:
* Macanaíma: o herói, protagonista – na verdade um anti-herói;
* Maanape: irmão mais velho de Macunaíma, é feiticeiro (mentor, representa sabedoria);
* Jiguê: irmão do meio, é jovem e forte;
* Ci, Mãe do Mato: rainha das Icamiabas e grande amor de Macunaíma – Ci dá ao herói a muiraquitã, pedra verde, símbolo de sua origem;
* Vei, a Sol: deusa dos trópicos;
* Venceslau Pietro Pietra: Gigante Piaimã comedor de gente (vilão).

Jornada do herói:
**Macunaíma nasce na mata amazônica, às margens do rio Uraricoera, na tribo tapanhumas.
**Sem querer, Macunaíma mata a própria mãe e precisa deixar a tribo. Parte pela floresta com os irmãos Maanape e Jiguê.
**Encontra Ci, Mãe do Mato, rainhas das Icamiabas, e se apaixona por ela.
**Ci dá à luz um menino, mas a criança mama leite envenenado e morre. Ci, muito triste, decide ir para o céu. Antes, dá a Macunaíma a muiraquitã para que, sempre que ele se sentir só, lembre-se dela.
**Macunaíma se mete em uma briga e perde a muiraquitã. A pedra vai na barriga de um peixe para São Paulo e acaba nas mãos de Venceslau Pietro Pietra.
**Macunaíma vai com os irmãos para São Paulo em busca da muiraquitã.Deslumbra-se com a cidade.
**O herói tenta várias vezes recuperar a pedra, mas acaba sempre falhando.
**Decide ir à macumba no Rio de Janeiro e faz com que Exu dê uma surra terrível em Venceslau.
**No Rio, encontra-se com Vei, a Sol, que promete lhe dar uma de suas filhas em casamento. Mas a deusa pegaMacunaíma brincando com uma portuguesa e fica muito zangada.
**Depois de muitas aventuras e confusões e com muita esperteza, Macunaíma recupera a muiraquitã e decide voltar para casa. Deixa São Paulo levando muitas lembranças.
**Vei, a Sol decide se vingar do herói e manda que uma sombra engula seus irmãos.
**O herói fica só e muito triste. A deusa faz com que ele veja uma linda mulher dentro das águas do rio. Macunaíma mergulha atrás da mulher, mas na verdade era um monstro que engole a pedra e mutila o herói.
**Macunaíma decide, então, se tornar o brilho bonito mas inútil das estrelas.

Observações:
*Macunaíma é um anti-Peri: é o oposto do índio de Alencar – preguiçoso, feio, covarde, egoísta, esperto e ardiloso. Mas tem em comum com Peri o desejo de ser europeu, a subserviência ao estrangeiro. O herói de Mário se aproxima também de Iracema.
*Macunaíma é uma personagem camaleônica, muda de forma de acordo com a necessidade. É um malandro, um ser marginal.
*Carnavalização: a obra de Mário de Andrade subverte todas características do romance tradicional.

“Gastei muito pouca invenção neste poema fácil de escrever (...). Este livro afinal não passa duma antologia do folclore brasileiro”.
(Mário de Andrade)



















sábado, 2 de outubro de 2010

Prêmio Jabuti 2010



Hoje estou especialmente contente. É que saiu o resultado do Prêmio Jabuti 2010 e um dos livros que li com os alunos do 2º Ano, e do qual gostei muito, ganhou o 1º lugar na categoria Romance: Se eu fechar os olhos agora, do jornalista Edney Silvestre. Estou muito orgulhosa por termos lido um livro tão bom e por que nosso juízo de valor é compatível com o de pessoas tão mais capacitadas como os jurados desse importante prêmio, o mais importante prêmio de literatura no Brasil. O site do prêmio Jabuti apresenta este da seguinte forma: "Criado em 1958, o Jabuti é o mais tradicional prêmio do livro no Brasil. O maior diferencial em relação a outros prêmios de literatura é a sua abrangência: o Jabuti não valoriza apenas os escritores, mas destaca a qualidade do trabalho de todas as áreas envolvidas na criação e produção de um livro. As 21 categorias do Jabuti 2010 contemplam não só estilos – Romance, Contos e Crônicas, Poesia, Reportagem, Biografia e Livro Infantil – mas também a Tradução, a Ilustração, a Capa e o Projeto Gráfico.
Anualmente, editoras dos mais diversos segmentos e escritores independentes de todo o Brasil inscrevem milhares de obras em busca da tão cobiçada estatueta e do reconhecimento que ela proporciona. Receber o Jabuti é um desejo acalentado por todos aqueles que têm o livro como seu ideal de vida. É uma distinção que dá ao seu ganhador muito mais do que uma recompensa financeira. Ganhar o Jabuti representa dar à obra vencedora o lastro da comunidade intelectual brasileira, significa ser admitido em uma seleção de notáveis da literatura nacional".
Parabéns a todos os envolvidos no projeto de Se eu fechar os olhos agora e, principalmente ao autor, Edney Silvestre, por quem renovei a minha admiração.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Café literário 2010

Hoje, fiquei muito orgulhosa e emocionada ao assistir ao VI Café Literário do Colégio Ruy Barbosa. Para os amantes da literatura, é sempre muito bom vê-la tomar forma e ser vista por olhos atentos. Tantas vezes, a arte da palavra é desmerecida ou esquecida, tantas vezes perde o seu espaço para a televisão e o cinema.
Muitas vezes, mesmo com todos os reconhecidos escritores e poetas de todos os tempos, o texto literário é tido como chato ou posto em segundo plano em favor da ciência, da razão ou da realidade. E hoje eu estava sentada na platéia assistindo a alunos, com os quais eu tive o prazer de dividir um pouco da minha paixão pelos livros, enaltecendo a literatura ao lhe dar voz, corpo, alma através da representação teatral. E não bastasse isso, ainda ouvi-los falar com tanta propriedade da obra Incidente em Antares, de Érico Veríssimo, e nos fazer refletir sobre o que está além do texto ou da história narrada, aquilo que nos leva à identificação com, no mínimo, o que há de humano na obra. E, no caso dessa, esses queridos alunos mostraram o quanto ela tem a nos dizer. 
Confesso que Érico Veríssimo nunca foi um dos meus escritores preferidos, mas talvez eu não tenha lhe dado a devida atenção. Sempre preferi a leveza do filho, Luís Fernando Veríssimo, ao que me parece a austeridade do pai. Mas fiquei com vontade de voltar a este, depois dessa noite.
Obrigada aos meninos, pra mim sempre meninos, do 3º Ano e à minha amiga Vanessa pelo trabalho apresentado hoje. Parabéns a todos! Adorei o desfecho intertextual com a música Thriller, Michael Jackson. Foi ótimo!!!

domingo, 29 de agosto de 2010

Mia Couto

Oi, pessoal, o texto abaixo é uma biografia de Mia Couto que copiei da Wikipédia com algumas alterações e reduções. Quem quiser saber um pouco sobre o autor de O fio das missangas, dá para ter uma noção. Leiam, comentem e, a partir daqui, façam também uma pesquisa própria. É sempre bom conhecer o autor do livro que estamos lendo, pois nos ajuda muitas vezes a entendermos o modo como este escreve. Um abraço. 
"Mia Couto, nascido António Emílio Leite Couto (Beira, 5 de Julho de 1955), é um escritor moçambicano, filho de portugueses que emigraram para Moçambique nos meados do século XX. Nasceu e foi escolarizado na Beira. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal Notícias da Beira e três anos depois, em 1971, mudou-se para Maputo. Iniciou os estudos universitários em Medicina, mas abandonou esta área no princípio do terceiro ano, passando a exercer a profissão de jornalista. Trabalhou na Tribuna até à destruição das suas instalações pelos colonos em Setembro de 1975. Foi nomeado diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM) durante a guerra de libertação. A seguir trabalhou como diretor da revista Tempo até 1981 e continuou a carreira no jornal Notícias até 1985. Em 1983 publicou o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho, que inclui poemas contra a propaganda marxista militante. Dois anos depois, demitiu-se da posição de diretor para continuar os estudos universitários na área de Biologia.
Além de ser considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é também o mais traduzido. Em muitas de suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Suas obras, além das referências históricas, são marcadas pelo realismo mágico e encantam pela poesia de que as palavras são investidas. Alguns autores influenciadores de seus livros são: Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Eugénio de Andrade, Sofia de Melo Breyner, João Cabral de Melo Neto, Fernando Pessoa e José Luandino Vieira. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbabué. Em 2007, foi entrevistado pela revista Isto É. Presentemente é empregado como biólogo no Parque Transfronteiriço do Limpopo.
Os livros de Mia Couto são publicados em mais de 22 países e traduzidos em alemão, francês, espanhol, catalão, inglês e italiano.
De toda a sua obra, nos interessam especialmente os contos. Nos meados dos anos 80, Mia Couto estreou nesse gênero e numa nova maneira de falar - ou "falinventar" - português, que continua a ser o seu "ex-libris". Assim, publicou (atenção para os títulos):
Vozes Anoitecidas (1ª ed. da Associação dos Escritores Moçambicanos, em 1986; 1ª ed. Caminho, em 1987; 8ª ed. em 2006; Grande Prémio da Ficção Narrativa em 1990, ex aequo)
Cada Homem é uma Raça (1ª ed. da Caminho em 1990; 9ª ed., 2005)
Estórias Abensonhadas (1ª ed. da Caminho, em 1994; 7ª ed. em 2003)
Contos do Nascer da Terra (1ª ed. da Caminho, em 1997; 5ª ed. em 2002)
Na Berma de Nenhuma Estrada (1ª ed. da Caminho em 1999; 3ª ed. em 2003)
O Fio das Missangas (1ª ed. da Caminho em 2003; 4ª ed. em 2004)
Mia Couto é sócio correspondente, eleito em 1998, da Academia Brasileira de Letras, sendo sexto ocupante da cadeira 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa".

domingo, 22 de agosto de 2010

Redescobrindo Chico

O poeta Manuel Bandeira em um de seus mais famosos poemas "Evocação do Recife" nos fala sobre o momento em que viu, pela primeira vez, uma "moça nuinha no banho". E chama esse momento de "alumbramento", uma espécie de mistura entre deslumbre, admiração e revelação, descoberta.
Pois há alguns dias eu vivi um momento ao qual, ainda que não na mesma proporção ou materialidade do vivido pelo poeta, eu posso usar a mesma palavra: alumbramento. Eu estava fazendo o que mais faço, dar aula, e pedi aos alunos - na verdade, a maioria da turma era de alunas - abrissem a apostila para lermos um texto a partir do qual fariam uma atividade. Então, li com eles o texto: a letra de uma música de Chico Buarque e Tom Jobim chamada "Eu te amo". Quando terminei a leitura, estávamos eu e a turma alumbrados. 
Não sei se foi o momento, se foi a turma - que é ótima e com a qual tenho grande empatia -, mas ali vivemos a magia do texto literário. O encantamento de versos já conhecidos, ainda que não tenhamos atentado para eles dessa forma.
As letras de Chico Buarque são em si mesmas, desacompanhadas da música, poesia em seu mais alto nível. E eu há tanto tempo que flerto com as composições do Chico, que o conheço da televisão, dos discos que meu primo, uma espécie de irmão mais velho, colecionava em casa quando eu ainda era adolescente, de repente, nessa aula, tenho um encontro com a poesia e com o poeta.
Estou contando essa história para dividir uma coisa que, na verdade, não dá para explicar. Como explicar a magia, o encantamento? Como definir isso em palavras? A verdade é que as palavras são sempre incapazes de expressar e representar com exatidão os sentimentos. No entanto, nós sempre queremos dividir com o outro aquilo que vivemos de bom. Um pouco para ouvirmos, ou lermos, sobre nós mesmos - é o lado egoísta do ser humano - e um pouco para permitir a esse outro viver por tabela a experiência que tivemos.
Abaixo transcrevo a letra da música. Leia em voz alta, pronuncie bem as palavras. Talvez você tenha o seu instante de alumbramento. 

"Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir".


Voltando à aula, quando termineia leitura, perguntei aos alunos sobre o que estava acontecendo na história contada nos versos. Então, eles disseram que a mulher estava mandando o homem embora. Perguntei se, depois de tudo o que ele diz na letra, ela ainda o mandaria embora e todos concordamos que só se ela fosse louca. Um abraço.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sarau virtual

Quero convidar a todos para um sarau. Segundo a Wikipédia, "um sarau (do latim seranus, através do galego serao) é um evento cultural ou musical realizado geralmente em casa particular onde as pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem artisticamente. Um sarau pode envolver dança, poesia, leitura de livros, música acústica e também outras formas de arte como pintura e teatro.Evento bastante comum no século XIX que vem sendo redescoberto por seu caráter de inovação, descontração e satisfação. Consiste em uma reunião festiva que ocorre à tarde ou no início da noite, apresentando concertos musicais, serestas, cantos e apresentações solo, demonstrações, interpretações ou performances artísticas e literárias. Vem ganhando vulto por meio das promoções dos grêmios estudantis e escolas".
Seria ótimo se pudéssemos, pelo menos de vez em quando, realizar um evento assim. Mas isso exige tempo, dinheiro, um lugar adequado. Então, por que não fazermos uma reunião virtual? Uma oportunidade de compartilharmos experiências de leitura, aquele filme ótimo do fim de semana, a música que não sai da cabeça... Enfim, tudo de bom e cultural que temos consumido. Acesse o desdobramento desse blog: http://www.eporfalaremliteraturasarau.blogspot.com/ e deixe seu e-mail para ser convidado e fazer parte dessa festa.
Um abraço,
Samira

sábado, 7 de agosto de 2010

A casa das palavras

A atividade abaixo também partiu da crônica "A casa das palavras", da Marina Colasanti. A crônica traz um jogo feito com crianças de Medellín que propõe a elas brincar com as palavras. As crianças, então, devem dar significados pessoais a algumas palavras, escolhidas por elas mesmas. Propus o mesmo jogo aos alunos do 9º Ano e a Monise, 9º Ano B, deu significados bastante interessantes às palavras que escolheu.

Amor - é passar anos e anos com alguém e ver o mesmo sorriso de antes.
Saudade - a distância entre dois corações.
Ser humano - indivíduo capaz de magoar, errar e recomeçar.
Céu - é como algo proibido: infinito e intocável.
Amizade - conforto e alegria. Onde se tem confiança, sinceridade e momentos únicos.
Pais - pessoas complicadas que sempre acham que tem razão.
Garotos - (...) são eles que, às vezes, nos fazem rir, chorar e, de vez em quando, até fazer umas loucuras, mas, poxa, que eles irritam a gente irritam. E muito.
Música - poesia em ritmo.
Vida - algo que se ganha e se perde e que não se sabe quando começa nem quando termina. 

A velha casinha rosa

O texto abaixo foi produzido a partir da planta baixa de uma casa e teve como estímulo a crônica "A casa das palavras", de Marina Colasanti. A Gabriela, aluna do 9º Ano B, conta-nos a história de uma velha casinha rosa e as impressões que esta deixou no saudoso narrador.

A velha casinha rosa
Passei muito tempo na casa da minha infância. Sítio Santa Cecília. E, como honrava o nome de sua padroeira, música não faltava ali! Fosse no canto dos canários, rouxinóis ou viuvinhas, fosse no velho violão, contador de várias histórias. A casinha rosa era um charme, um convite para entrar e experimentar do cafezinho fumegante, cujo cheiro saia constantemente do bule sobre o fogão à lenha. No jardim, entre as mangueiras e goiabeiras, bolas rolavam, cães corriam e a bicicleta era mantida em constante movimento.
Ah, e os cantos! Havia milhões deles! Cantos secretos, escuros, claros, pequenos, grandes... Na garagem, tinha sempre um pneu pronto para virar balanço. E, quando o sino tocava anunciando o almoço, a casa era tomada por profundo silêncio. No ar, apenas os aromas, uma mistura de condimentos e carinho. Tenho certeza que esse é o segredo da comida de roça.
Durante as noites de inverno, escutávamos histórias contadas pela própria casa com seus barulhos. Barulhos de casa velha, ou melhor, barulhos de casa avó. Ah! Como vivia a velha casinha rosa!

O mundo perdido de Clara

A partir de hoje, vou postar no blog os melhores trabalhos e textos dos meus amados alunos. Escolherei a cada mês alguns textos, comentários ou trechos de trabalhos realizados pelas turmas para, assim, dividir com todos os leitores dessa página a minha alegria em ter alunos tão talentosos. O primeiro desses textos é resultado de uma proposta de redação das turmas de 9º Ano. Pedi aos alunos que elaborassem um texto narrativo-descritivo em prosa a partir do poema "Lembrança de um mundo antigo", de Carlos Drummond de Andrade. Os alunos deveriam trazer a situação vivida pela personagem do poema para os dias de hoje. A Emmanuelle, aluna do 9º Ano A, redigiu então o texto abaixo em que a personagem Clara vive uma de nossas maiores angústias: a violência.

O mundo perdido de Clara
Magrinha, roupas simples, longos cabelos soltos. Seu nome? Clara. Passeando por uma praça vazia do Rio de Janeiro, lá ia a jovem com suas três filhas pequenas: Laís, Júlia e Paula. Em um banco, uma velhinha alimentava os pombos e, em outro, um andarilho dormia pesado. Aparentemente nada estranho à praça, como sempre com suas flores amarelas e suas pequenas árvores.
Enquanto as menininhas inocentes brincavam no parquinho, Clara assistia à brincadeira e preocupava-se com a vida. Tinha medo de sair e não voltar viva para casa, tinha medo de mandar as filhas à padaria e perdê-las em um sequestro, enfim, Clara tinha medo da vida.
E, assim, foi viajando em seus pensamentos e pensando em um mundo melhor, um mundo que queria oferecer para suas filhas. De repente, um grito da filha mais velha fez Clara despertar de seus pensamentos. A menina apontava para um homem armado que vinha em sua direção. Saltando do banco em que estava sentada, Clara, trêmula, aproximou-se das crianças na intenção de protegê-las. O homem, com a arma apontada, pedia dinheiro. Desprevenida, a moça disse que não tinha e o bandido ameaçou-a.
Ela chorava, porque realmente não tinha dinheiro. E, assim, com sangue frio, o homem disparou a arma. As filhas gritavam e choravam, mas em vão. Clara morreu na hora e, junto com ela, morreu seu desejo de um mundo melhor. 

domingo, 1 de agosto de 2010

Volta às aulas

"Carpe Diem" quer dizer "colha o dia". Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente.
(Rubem Alves)


Pois é, gente, as férias - ou seria melhor recesso? -, terminaram. É hora de reunir ânimo, força, coragem e positividade para encarar os próximos quatro meses de estudo e trabalho. Na verdade, precisamos desses elementos todos os dias. E é por isso que a vida vale a pena, por que nos pede sempre superação, crescimento e nos permite sempre aprender. Bom retorno pra todos.
O blog vai trazer nas próximas postagens algumas novidades. Acompanhem.

Um abraço.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Novo visual

O blog está de visual novo. Deixe seu comentário, dizendo o que achou da cara nova de "e por falar em literatura..."
Beijo.

Invictus

Assisti ao filme Invictus recentemente levada pela "febre da Copa". O filme conta como Nelson Mandela conseguiu através de um esporte pouco popular na África do Sul, pelo menos entre os negros, o rugby, unir o povo. O filme em si é um pouco maçante, mas a interpretação de Morgan Freeman, na pele de Mandela, e o poema "Invictus", de William E. Henley, valem muito a pena. Passei a admirar ainda mais Nelson Mandela após o filme. O poema ajudou-o a suportar as agruras do cárcere e tem versos realmente motivadores. O grande papel da arte é fazer-nos pensar. Invictus, filme e poema, cumprem bem esse papel.
Abaixo vai a tradução do poema:

Invictus

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

(William E Henley)

Diário de Zlata

O que sente uma criança diante da brutalidade da guerra? Como pode brincar, estudar, viver, enquanto a morte, o medo, o abandono e a intolerância chegam cada vez mais perto de seu lar? Como pode se adaptar a um cenário tão cruel?
Tenho me feito essas perguntas durante a leitura de Diário de Zlata. E é o próprio livro quem tem me respondido. E me levado de volta aos meus onze, doze anos, pois é inevitável para o leitor não se colocar no lugar da menina e viver com ela seus anseios e alegrias de adolescente. E também o medo e a angústia trazidos pela guerra. Zlata tem 11 anos e mora em Saravejo, na Bósnia.
O ano é 1991 e o país começa a viver sua quinta guerra no século. Em seu diário, como também fez Anne Frank, Zlata nos conta seu dia-a-dia, em que se mesclam os sonhos e os desejos juvenis com os horrores da guerra.
O que fica cada vez mais claro, para nós leitores, é o quanto a guerra pode ser injusta. Através das palavras de Zlata, somos levados a olhar o mundo com seus olhos e a perceber como os conflitos criados pelos adultos atingem cruelmente as crianças, cerceando sua liberdade e maculando sua inocência.
Estou no início da leitura, mas quis comentar um pouco das reflexões que ela tem me proporcionado. Depois, quando terminar, falo mais um pouco sobre esse livro inquietante.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Capitães da areia - trailer


Assisti hoje ao teaser do filme Capitães da areia, de Cecília Amado, mais uma adaptação do romance de Jorge Amado para o cinema. É só um trailer, mas podemos ver alguns momentos marcantes da história. Achei interessante, principalmente a cena do carrossel. Vou deixar o link abaixo para que vocês, queridos alunos do 1º Ano, especialmente, possam acessar e assistir. Depois, gostaria que voltassem aqui, nessa postagem, e comentassem. Observem, para isso, a que partes ou momentos do romance as cenas do trailler fazem referência.

http://www.youtube.com/watch?v=JGqlIu0IxIo

Um abraço.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago: para sempre.

José Saramago, escritor português - ganhador do Nobel de Literatura em 1998

São poucas as coisas a que não nos acostumamos na vida. A morte é uma delas. Sabemos que ela faz parte da vida e é necessária à própria manutenção da vida. Mas insistimos em ignorá-la, ou a mantê-la distante, ou a achar que é só para os outros que ela vem, ou ainda que ela não vai chegar. Mas ela chega. Até mesmo para os escritores. Hoje meu dia foi triste. Pra mim e pra todos que o amavam. Perdemos José Saramago.
Fui apresentada à escrita de Saramago quando cursava Letras na UFJF. Minha professora de Literatura Portuguesa tinha grande admiração por ele e pediu que lêssemos Memorial do Convento. Não era o tipo de leitura a que estava acostumada e logo de cara achei difícil encarar um texto em que raramente se via um parágrafo e a pontuação era "a gosto do autor". Mas comecei a ler, porque precisava, e me encantei com a história, os personagens - Blimunda, a vidente, Baltasar Sete Sóis, seu amante, o padre Bartolomeu Gusmão, o visionário -, a construção barroca do texto, a poesia das frases, as reflexões políticas e filosóficas. Saramago tornou-se, então, um dos meus autores favoritos.
Depois li Levantado do chão, A jangada de pedra, A caverna. E o que mais gostei: Ensaio sobre a cegueira. Esse livro nos faz pensar. É impossível não se sentir diferente depois de lê-lo. É uma daquelas experiências literárias inesquecíveis. Uma cegueira branca que toma toda uma cidade, depois o país, e que não tem explicação. Mas que coloca às claras a capacidade do ser humano de esquecer sua humanidade, sua civilidade, e tornar-se mais bicho do que homem, governado pelo instinto de sobrevivência acima de tudo. Por outro lado, vemos também o quanto podemos nos irmanar na dificuldade, o quanto podemos ser solidários e ajudar uns aos outros mesmo estando cegos e debilitados. Assim como em Memorial do convento, em Ensaio sobre a cegueira os personagens são inesquecíveis: o médico que fica cego no contato com um doente; a mulher dele que é a única não afetada pela cegueira, mas se finge cega para ficar perto do marido; o ladrão que não aguenta a pressão da cegueira e da quarentena a que os primeiros cegos são submetidos e acaba morto. Um livro fantástico, um presente do autor.
Queria José Saramago para sempre vivo, sempre escrevendo, sempre presenteando a todos os seus leitores com suas histórias, suas fábulas fabulosas, sua visão cética e aguda do mundo e da vida, sua poesia em prosa, seu texto encantatório. Mas se isso não é possível - e há que se, pelo menos tentar, acostumar com a morte -, me conforta saber que em seus livros ele estará sempre presente.
Em uma aula, essa semana, citei uns versos de Drummond que são muitos especiais pra mim e cabem aqui como homenagem ao querido Saramago:
"Amar o perdido
Deixa confundido o coração.
Nada pode o olvido
contra o apelo
sem-sentido do não.
Mas as coisas findas
muito mais que lindas
essas ficarão".

Um abraço.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Livro digital 2

A postagem sobre o livro digital do dia 25 de maio recebeu três comentários bastante interessantes sobre o assunto. Para que todos possam ler, estou postando aqui o que o Hugo, o Rodrigo e a Flora escreveram. Abraços.

"Essa é um questão legal de ser abordada, afinal temos receios de abandonar os velhos livros de papel, mas também, é inegável que reduzindo a produção de papel, estamos colaborando muito com o meio ambiente. Nesse caso, temos a tecnologia a favor da preservação ambiental".   (Hugo Fernandes)

"Como foi dito,evitar a propagação do livro digital caracteriza um pensamento utópico.
Como qualquer outra forma de mídia digital,esse novo formato possibilita maior rapidez e praticidade em sua utilização.Ele se encaixa perfeitamente na vida corrida que o cotidiano atual exige da maioria das pessoas,estando compactado num computador,celular,notebook ou qualquer outra espécie de aparato eletrônico que o torne viável.
Sua acessibilidade logo torna-se maior.Não só pelo fato de estar em qualquer um dos objetos citados,mas pelo fato de ser,em muitos casos,comercializado com preço menor.Isso é válido para os países que possuem uma lei específica antipirataria para o mundo digital.No restante,ele nem se quer é comercializado pois a possibilidade de download e a oferta de homepages que os fornecem gratuitamente descartam a aquisição formal de um exemplar.
Outra vantagem de seu uso é o fato de ser virtual e portanto não agredir o meio ambiente diretamente.Caso semelhante aconteceu com os cd's e posteriormente,com os DVD's - o que vem obrigando muitas gravadoras e produtoras hollywoodianas a mudarem estratégias de lançamento e consequentemente,modos de promover suas produções.
Há quem ainda não se habituou - como eu - a usar essas versões digitais dos livros.Outros já preferem e anunciam o fim das versões físicas,por tantos anos utilizada.O fato é que,independentemente da preferência,a cultura ganhou mais uma forma de atrair leitores e educar uma grande maioria que ainda não buscam o contato literário".      (Rodrigo)

"Hoje em dia cada vez mais nos acostumamos com a facilidade que a tecnologia nos trás. E é notória a praticidade que todos esses meios de informação nos dá. Se queremos pesquisar sobre algum assunto, basta pegar o celular e ter acesso a qualquer tipo de informação. Esse tipo de assunto é importante ser discutido, e levanta uma série de questões, que a maioria das pessoas confortáveis com a praticidade, não pensam. Há pouco tempo li um texto de Joefel Cagampang, que escreve artigos sobre educação, onde ele levanta alguns pontos importantes. Qualquer computador conectado à internet tem acesso a quase todo o conhecimento da humanidade, em contrapartida, poupa nossa mente da habilidade necessária de raciocínio, de procura por informação. Um aluno que precisa fazer um trabalho ou um dever de casa só precisa abrir a internet e fazer a pesquisa, mas a experiência de aprendizado é perdida pela principal razão de que não é o aluno que faz a pesquisa, mas o site. E o processo de aprendizado fica pra trás. Quando fazemos pesquisa em livros, cada texto que lemos procurando pelo assunto principal, captamos mais informação. Além disso tudo, ainda existem muitas questões a serem discutidas, como por exemplo o meio ambiente. Talvez o Rodrigo saiba responder isso melhor, mas o desmatamento para a impressão de livros, jornais, revistas, e outros, é em número absurdo. Fica em questão, até aonde essa tecnologia é favorável?
Caso alguém se interesse, está aí o artigo: http://www.goarticles.com/cgi-bin/showa.cgi?C=2683678
Parabéns pelo blog, Samira. beijos".        (Flora)

sábado, 12 de junho de 2010

Pátria Minha

Em tempos de Copa do Mundo, quando todos nos irmanamos no amor à pátria e no "orgulho de ser brasileiro", lembrei-me de um poema de um dos meus mais queridos poetas e gostaria de deixá-lo aqui para nossa reflexão. Um abraço.

                           Pátria Minha
                                          (Vinicius de Moraes)

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:

"Pátria minha, saudades de quem te ama...

Vinicius de Moraes."

domingo, 6 de junho de 2010

"Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos" (Umberto Eco)

MILÃO – O bom humor parece ser a principal característica do semiólogo, ensaísta e escritor italiano Umberto Eco. Se não, é a mais evidente. Ao pasmado visitante, boquiaberto diante de sua coleção de 30 mil volumes guardados em seu escritório/residência em Milão, ele tem duas respostas prontas quando é indagado se leu toda aquela vastidão de papel. “Não. Esses livros são apenas os que devo ler na semana que vem. Os que já li estão na universidade” – é a sua preferida. “Não li nenhum”, começa a segunda. “Se não, por que os guardaria?”
Na verdade, a coleção é maior, beira os 50 mil volumes, pois os demais estão em outra casa, no interior da Itália. E é justamente tal paixão pela obra em papel que convenceu Eco a aceitar o convite de um colega francês, Jean-Phillippe de Tonac, para, ao lado de outro incorrigível bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, discutir a perenidade do livro tradicional. Foram esses encontros (“muito informais, à beira da piscina e regados com bons uísques”, informa Umberto Eco) que resultaram em Não Contem Com o Fim do Livro, que a editora Record lança na segunda quinzena de abril.
A conclusão é óbvia: tal qual a roda, o livro é uma invenção consolidada, a ponto de as revoluções tecnológicas, anunciadas ou temidas, não terem como detê-lo. Qualquer dúvida é sanada ao se visitar o recanto milanês de Eco, como fez o Estado na última quarta-feira. Localizado diante do Castelo Sforzesco, o apartamento – naquele dia soprado por temperaturas baixíssimas, a neve pesada insistindo em embranquecer a formidável paisagem que se avista de sua sacada – encontra-se em um andar onde antes fora um pequeno hotel. “Se eram pouco funcionais para os hóspedes, os longos corredores são ótimos para mim pois estendo aí minhas estantes”, comenta o escritor, com indisfarçável prazer, ao apontar uma linha reta de prateleiras repletas que não parecem ter fim. Os antigos quartos? Transformaram-se em escritórios, dormitórios, sala de jantar, etc. O mais desejado, no entanto, é fechado a chave, climatizado e com uma janela que veda a luz solar: lá estão as raridades, obras produzidas há séculos, verdadeiros tesouros. Isso mesmo: tesouros de papel.
Aos 78 anos, Umberto Eco exibe uma impressionante vitalidade. Diverte-se com todo tipo de cinema (ao lado de seu aparelho de DVD repousa uma cópia da animação Ratatouille), mantém contato com seus alunos em Bolonha, escreve artigos para jornais e revistas e aceita convites para organizar exposições, como a que o transformou, no ano passado, em curador, no Museu do Louvre, em Paris. Lá, o autor teve o privilégio de passear sozinho pelos corredores do antigo palácio real francês nos dias em que o museu está fechado. E, como um moleque levado, aproveitou para alisar o bumbum da Vênus de Milo. Foi com esse mesmo espírito bem-humorado que Eco conversou com a reportagem do Sabático.

O livro não está condenado, como apregoam os adoradores das novas tecnologias?
O desaparecimento do livro é uma obsessão de jornalistas, que me perguntam isso há 15 anos. Mesmo eu tendo escrito um artigo sobre o tema, continua o questionamento. O livro, para mim, é como uma colher, um machado, uma tesoura, esse tipo de objeto que, uma vez inventado, não muda jamais. Continua o mesmo e é difícil de ser substituído. O livro ainda é o meio mais fácil de transportar informação. Os eletrônicos chegaram, mas percebemos que sua vida útil não passa de dez anos. Afinal, ciência significa fazer novas experiências. Assim, quem poderia afirmar, anos atrás, que não teríamos hoje computadores capazes de ler os antigos disquetes? E que, ao contrário, temos livros que sobrevivem há mais de cinco séculos? Conversei recentemente com o diretor da Biblioteca Nacional de Paris, que me disse ter escaneado praticamente todo o seu acervo, mas manteve o original em papel, como medida de segurança.

Qual a diferença entre o conteúdo disponível na internet e o de uma enorme biblioteca?
A diferença básica é que uma biblioteca é como a memória humana, cuja função não é apenas a de conservar, mas também a de filtrar – muito embora Jorge Luis Borges, em seu livro Ficções, tenha criado um personagem, Funes, cuja capacidade de memória era infinita. Já a internet é como esse personagem do escritor argentino, incapaz de selecionar o que interessa – é possível encontrar lá tanto a Bíblia como Mein Kampf, de Hitler. Esse é o problema básico da internet: depende da capacidade de quem a consulta. Sou capaz de distinguir os sites confiáveis de filosofia, mas não os de física. Imagine então um estudante fazendo uma pesquisa sobre a 2.ª Guerra Mundial: será ele capaz de escolher o site correto? É trágico, um problema para o futuro, pois não existe ainda uma ciência para resolver isso. Depende apenas da vivência pessoal. Esse será o problema crucial da educação nos próximos anos.

Não é possível prever o futuro da internet?
Não para mim. Quando comecei a usá-la, nos anos 1980, eu era obrigado a colocar disquetes, rodar programas. Hoje, basta apertar um botão. Eu não imaginava isso naquela época. Talvez, no futuro, o homem não precise escrever no computador, apenas falar e seu comando de voz será reconhecido. Ou seja, trocará o teclado pela voz. Mas realmente não sei.

Como a crescente velocidade de processar dados de um computador poderá influenciar a forma como absorvemos informação?
O cérebro humano é adaptável às necessidades. Eu me sinto bem em um carro em alta velocidade, mas meu avô ficava apavorado. Já meu neto consegue informações com mais facilidade no computador do que eu. Não podemos prever até que ponto nosso cérebro terá capacidade para entender e absorver novas informações. Até porque uma evolução física também é necessária. Atualmente, poucos conseguem viajar longas distâncias – de Paris a Nova York, por exemplo – sem sentir o desconforto do jet lag. Mas quem sabe meu neto não poderá fazer esse trajeto no futuro em meia hora e se sentir bem?

É possível existir contracultura na internet?
Sim, com certeza, e ela pode se manifestar tanto de forma revolucionária como conservadora. Veja o que acontece na China, onde a internet é um meio pelo qual é possível se manifestar e reagir contra a censura política. Enquanto aqui as pessoas gastam horas batendo papo, na China é a única forma de se manter contato com o restante do mundo.

Em um determinado trecho de ‘Não Contem Com o Fim do Livro’, o senhor e Jean-Claude Carrière discutem a função e preservação da memória – que, como se fosse um músculo, precisa ser exercitada para não atrofiar.
De fato, é importantíssimo esse tipo de exercício, pois estamos perdendo a memória histórica. Minha geração sabia tudo sobre o passado. Eu posso detalhar sobre o que se passava na Itália 20 anos antes do meu nascimento. Se você perguntar hoje para um aluno, ele certamente não saberá nada sobre como era o país duas décadas antes de seu nascimento, pois basta dar um clique no computador para obter essa informação. Lembro que, na escola, eu era obrigado a decorar dez versos por dia. Naquele tempo, eu achava uma inutilidade, mas hoje reconheço sua importância. A cultura alfabética cedeu espaço para as fontes visuais, para os computadores que exigem leitura em alta velocidade. Assim, ao mesmo tempo que aprimora uma habilidade, a evolução põe em risco outra, como a memória. Lembro-me de uma maravilhosa história de ficção científica escrita por Isaac Asimov, nos anos 1950. É sobre uma civilização do futuro em que as máquinas fazem tudo, inclusive as mais simples contas de multiplicar. De repente, o mundo entra em guerra, acontece um tremendo blecaute e nenhuma máquina funciona mais. Instala-se o caos até que se descobre um homem do Tennessee que ainda sabe fazer contas de cabeça. Mas, em vez de representar uma salvação, ele se torna uma arma poderosa e é disputado por todos os governos – até ser capturado pelo Pentágono por causa do perigo que representa (risos). Não é maravilhoso?

No livro, o senhor e Carrière comentam sobre como a falta de leitura de alguns líderes influenciou suas errôneas decisões.
Sim, escrevi muito sobre informação cultural, algo que vem marcando a atual cultura americana que parece questionar a validade de se conhecer o passado. Veja um exemplo: se você ler a história sobre as guerras da Rússia contra o Afeganistão no século 19, vai descobrir que já era difícil combater uma civilização que conhece todos os segredos de se esconder nas montanhas. Bem, o presidente George Bush, o pai, provavelmente não leu nenhuma obra dessa natureza antes de iniciar a guerra nos anos 1990. Da mesma forma que Hitler devia desconhecer os relatos de Napoleão sobre a impossibilidade de se viajar para Moscou por terra, vindo da Europa Ocidental, antes da chegada do inverno. Por outro lado, o também presidente americano Roosevelt, durante a 2.ª Guerra, encomendou um detalhado estudo sobre o comportamento dos japoneses para Ruth Benedict, que escreveu um brilhante livro de antropologia cultural, O Crisântemo e a Espada. De uma certa forma, esse livro ajudou os americanos a evitar erros imperdoáveis de conduta com os japoneses, antes e depois da guerra. Conhecer o passado é importante para traçar o futuro.

Diversos historiadores apontam os ataques terroristas contra os americanos em 11 de setembro de 2001 como definidores de um novo curso para a humanidade. O senhor pensa da mesma forma?
Foi algo realmente modificador. Na primeira guerra americana contra o Iraque, sob o governo de Bush pai, havia um confronto direto: a imprensa estava lá e presenciava os combates, as perdas humanas, as conquistas de território. Depois, em setembro de 2001, se percebeu que a guerra perdera a essência de confronto humano direto – o inimigo transformara-se no terrorismo, que podia se personificar em uma nação ou mesmo nos vizinhos do apartamento ao lado. Deixou de ser uma guerra travada por soldados e passou para as mãos dos agentes secretos. Ao mesmo tempo, a guerra globalizou-se; todos podem acompanhá-la pela televisão, pela internet. Há discussões generalizadas sobre o assunto.

Falando agora sobre sua biblioteca, é verdade que ela conta com 50 mil volumes?
Sim, de uma forma geral. Nesse apartamento em Milão, estão apenas 30 mil – o restante está no interior da Itália, onde tenho outra casa. Mas sempre me desfaço de algumas centenas, pois, como disse antes, é preciso fazer uma filtragem.

Por que o senhor impediu sua secretária de catalogá-los?
Porque a forma como você organiza seus livros depende da sua necessidade atual. Tenho um amigo que mantém os seus em ordem alfabética de autores, o que é absolutamente estúpido, pois a obra de um historiador francês vai estar em uma estante e a de outro em um lugar diferente. Eu tenho aqui literatura contemporânea separada por ordem alfabética de países. Já a não contemporânea está dividida por séculos e pelo tipo de arte. Mas, às vezes, um determinado livro pode tanto ser considerado por mim como filosófico ou de estética da arte; depende do motivo da minha pesquisa. Assim, reorganizo minha biblioteca segundo meus critérios e somente eu, e não uma secretária, pode fazer isso. Claro que, com um acervo desse tamanho, não é fácil saber onde está cada livro. Meu método facilita, eu tenho boa memória, mas, se algum idiota da família retira alguma obra de um lugar e a coloca em outro, esse livro está perdido para sempre. É melhor comprar outro exemplar (risos).

Um estudioso que também é seu amigo, Marshall Blonsky, escreveu certa vez que existe de um lado Umberto, o famoso romancista, e de outro Eco, professor de semiótica.
E ambos sou eu (risos). Quando escrevo romances, procuro não pensar em minhas pesquisas acadêmicas – por isso, tiro férias. Mesmo assim, leitores e críticos traçam diversas conexões, o que não discuto. Lembro de que, quando escrevia O Pêndulo de Foucault, fiz diversas pesquisas sobre ciência oculta até que, em um determinado momento, elas atingiram tal envergadura que temi uma teorização exagerada no romance. Então, transformei todo o material em um curso sobre ciência oculta, o que foi muito bem-feito.

Por falar em ‘O Pêndulo de Foucault’, comenta-se que o senhor antecipou em muito tempo O Código Da Vinci, de Dan Brown.
Quem leu meu livro sabe que é verdade. Mas, enquanto são os meus personagens que levam a sério esse ocultismo barato, Dan Brown é quem leva isso a sério e tenta convencer os leitores de que realmente é um assunto a ser considerado. Ou seja, fez uma bela maquiagem. Fomos apresentados neste ano em uma première do Teatro Scala e ele assim se apresentou: “O senhor não me admira, mas eu gosto de seus livros.” Respondi: Não é que eu não goste de você – afinal, eu criei você (risos).

Em seu mais conhecido romance, O Nome da Rosa, há um momento em que se discute se Jesus chegou a sorrir. É possível pensar em senso de humor quando se trata de Deus?
De acordo com Baudelaire, é o Diabo quem tem mais senso de humor (risos). E, se Deus realmente é bem-humorado, é possível entender por que certos homens poderosos agem de determinada maneira. E se ainda a vida é como uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, como Shakespeare apregoa em Macbeth, é preciso ainda mais senso de humor para entender a trajetória da humanidade.

Como foi a exposição no Museu do Louvre, em Paris, da qual o senhor foi curador, no ano passado?
Há quatro anos, o museu reserva um mês para um convidado (Toni Morrison foi escolhida certa vez) organizar o que bem entender. Então, me convidaram e eu respondi que queria fazer algo sobre listas. “Por quê?”, perguntaram. Ora, sempre usei muitas listas em meus romances – até pensei em escrever um ensaio sobre esse hábito. Bem, quando se fala em listas na cultura, normalmente se pensa em literatura. Mas, como se trata de um museu, decidi elaborar uma lista visual e musical, essa sugerida pela direção do Louvre. Assim, tive o privilégio (que não foi oferecido a Dan Brown) de visitar o museu vazio, às terças-feiras, quando está fechado. E pude tocar a bunda da Vênus de Milo (risos) e admirar a Mona Lisa a apenas 20 centímetros de distância.

O senhor esteve duas vezes no Brasil, em 1966 e 1979. Que recordações guarda dessas visitas?
Muitas. A primeira, em São Paulo, onde dei algumas aulas na Faculdade de Arquitetura (da USP), que originaram o livro A Estrutura Ausente. Já na segunda fui acompanhado da família e viajamos de Manaus a Curitiba. Foi maravilhoso. Lembro-me de meu editor na época pedindo para eu ficar para o carnaval e assistir ao desfile das escolas de samba de camarote, o que não pude atender. E também me recordo de imagens fortes, como a da moça que cai em transe em um terreiro (para o qual fui levado por Mario Schenberg) e que reproduzo em O Pêndulo de Foucault.



Ubiratan Brasil, para o Caderno 2 do Estadão. Extraído de DigitalManuscripts
Postado por: PDL / Categoria: Informação e Cultura, Papo Cabeça Umberto Eco assina novo trabalho em parceria com o roteirista francês Jean-Claude Carrière.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Era uma vez

Assisti recentemente a um filme brasileiro ótimo, embora tristíssimo, que me levou inevitavelmente à comparação com a tragédia de Tristão e Isolda.  Mais especificamente com uma tragédia posterior e que tem muitos elementos semelhantes a essa: Romeu e Julieta. Chama-se Era uma vez e conta a história de um garoto da favela que se apaixona por uma menina da Vieira Souto. Fora a paixão dos dois, há o contexto do morro e do asfalto, do pobre e do rico, que aponta como em muitos outros filmes brasileiros para a desigualdade social que se mostra explícita na paisagem da cidade maravilhosa.
Trata-se o filme de uma tragédia e quem for assistir não espere um final feliz. Como no clássico de Shakespeare, os amantes estão fadados desde o início à infelicidade. Afinal, é um amor impossível. Dois mundos tão diferentes não podem se misturar, mesmo que sejam dois jovens inocentes e apaixonados que tentem isso. Assim, uma série de enganos leva os dois a um final dramático que me fez chorar horrores. E não riam de mim porque tenho certeza que muita gente choraria. É inevitável não ficar penalizado diante da cena final. E não é só isso. O filme nos faz refletir sobre uma realidade que é muito nossa: dois jovens, cheios de sonhos, que tentam mudar seu destino e ficar juntos, mas são impedidos pelas circunstâncias, pelo preconceito, pelo medo, pela injustiça do sistema a que todos nós estamos subjugados.
O filme também me fez pensar em um outro romance que o pessoal do 1º Ano está lendo: Capitães da areia, do Jorge Amado. O menino do filme não é órfão como os meninos do livro, mas está inserido numa realidade tão cruel quanto. Talvez mais.  Ele não tem pai, mas tem mãe. Uma mãe trabalhadora, que tenta proteger os filhos mantendo-os afastados da criminalidade que impera no morro. Um dos filhos quer ser jogador de futebol, mas acaba sendo assassinado por outro garoto, chefe do tráfico, que o inveja. O outro, o mais velho, acaba sendo preso. Só sobra para a mãe, o filho mais novo, o nosso Romeu, que cresce sendo honesto e se esquivando dos perigos do morro e do asfalto, mas também sem sonhos, sem estudos, sem projetos. Até se aproximar dela, a menina que ele admira na varanda do prédio rico em frente à praia, onde trabalha vendendo cachorro-quente num quiosque. Então, ele começa a sonhar, a planejar o futuro, a querer estudar, quer merecê-la, ter o direito de amá-la. Ela, por sua vez, procura viver no seu mundo, fazer parte. Ambos não conseguem. Um dos meninos de Jorge Amado também vive um amor assim fatídico. É Pedro Bala com sua Dora. Também amor trágico, destruído pelo mesmo sistema injusto e cruel.
Bom, Era uma vez vale por tudo que eu disse antes e também pelos atores Thiago Martins e Vitria Frates que conseguem dar aos protagonistas o ar de inocência e doçura necessário para aumentar nossa indignação diante da tragédia a que estão fadados. Assistam.

sábado, 22 de maio de 2010

O romance de Tristão e Isolda

A leitura do livro O romance de Tristão e Isolda que fizemos - eu e os alunos dos 1º Anos - rendeu um trabalho interessante em sala de aula que gostaria de compartilhar aqui. Pedi aos alunos que escolhessem um trecho dessa obra para apresentar teatralmente em sala. Assim, o texto narrativo com o qual conviveram por mais de um mês tornou-se texto e experiência teatral. Foi muito divertido. A maior parte dos grupos optou por versões bem humoradas da tragédia de Tristão e Isolda. Outra transição de gênero que permitiu reflexões sobre as possibilidades e flexibilidades de um texto literário. Propus que apresentassem cenas curtas e sem grandes elaborações relativas a cenário e figurino. Mesmo assim, alguns grupos foram bastante criativos nesses aspectos e capricharam. Também a encenação poderia se limitar à leitura dramática do texto. Mas boa parte dos grupos decorou o texto e deu a ele a vida necessária à apresentação teatral. Fiquei muito feliz e orgulhosa com o resultado e quero agradecer e parabenizar a todos os meus queridos alunos das turmas de 1º Ano do Colégio Ruy Barbosa pelo trabalho.
Abaixo seguem fotos tiradas durante a apresentação dos grupos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Livro digital

Há pouco mais de uma semana, abri uma enquete sobre o advento do livro digital. Algumas pessoas colaboraram dando sua opinião sobre a questão livro de papel x livro digital. Quem ama os livros, como eu, gosta do cheiro do papel, da textura, de manuseá-lo, virar as páginas. É difícil pensar em deixar esse contato íntimo, físico, com o livro. Acho que por isso a maior parte dos que opinaram na enquete ficou com o meio termo: a permanência das duas formas, o livro de papel e o livro digital. É verdade que o livro digital tem suas vantagens. Ele não mofa, não envelhece, não acumula poeira - para os alérgicos, mal do qual eu sofro, é uma vantagem e tanto. Também ocupa pouquíssimo espaço e evita a beleza de uma estante abarrotada e colorida dos seus irmãos de papel.
A verdade é que não há como evitar a ascensão do livro digital. Como outras manias tecnológicas, ele será adotado por grande parte das pessoas por sua praticidade e até mesmo economia. Cláudio de Moura Castro, colunista da Veja, escreveu para a edição da revista desta semana uma crônica falando a respeito da chegada do livro digital. É um texto muito interessante intitulado O parto do livro digital. Ele fala de como gradativamente essa nova forma de ler tem conquistado o mercado por razões como as que citei acima e outras. Fala também de como as editoras dos livros convencionais podem sobreviver a isso.
Quanto a nós, leitores, certamente nos adaptaremos a mais essa mudança tecnológica.Não sei quanto tempo demorará, mas como amante do papel que sou, espero que a enquete esteja certa e as duas formas de leitura possam conviver sempre.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Final Alternativo

Gostaria que vocês lessem o final alternativo que a Natália, aluna do 2º Ano B, escreveu para o romance de Edney Silvestre, Se eu fechar os olhos agora. O texto revela um pouco a tristeza de alguns leitores com a morte de um personagem querido. Gostaríamos que fosse diferente. Na verdade, muito do que é narrado no romance, muitas verdades ali travestidas de ficção gostaríamos que não existissem, gostaríamos de fechar os olhos para elas (e muitas vezes fechamos, não por omissão ou indiferença, mas tamanha a dor que elas nos causam). Bom, leiam o texto da Natália, que, aliás, escreve muito bem.


"Final Alternativo - Se eu fechar os olhos agora

'Cecília recuou e disparou a última bala'.

Ubiratan pedalou de volta ao hotel com a imagem perturbando-lhe a mente. Em momento algum quisera que mais duas pessoas morressem. Sem saber a verdade. Pedalava o mais lento que podia a bicicleta de Eduardo, adiando o momento que teria de contar-lhes toda a verdade. As atrocidades do mundo adulto não deveriam ser tão exploradas por crianças. Não queria imaginar o que poderia acontecer depois que soubessem tudo o que acontecera com Anita. E Renato. E todas as outras pessoas envolvidas nesse mistério que não parecia ter fim. O caminho de volta foi propositalmente mais demorado que o de ida. Apesar do medo de enfrentar a verdade, já tinha decidido não esconder mais nada. Segredos assim só causavam dor atrás de dor.

Paulo encontrava-se em alto estado de euforia. Batia os pés ao chão no ritmo de alguma música que ouviu pela rua. Odiava desconhecer as coisas, e odiava o Velho por ter privado-lhe de informações importantes. Ele e Eduardo haviam achado o corpo. Não era justo o mistério ser desvendado sem que soubessem. Eram os principais. Tão importantes quanto os presidentes que estudara em história. Mesmo assim, sentia que jamais saberia de nada. No caso, se não o soubesse, haveria uma dúvida eterna em sua mente. Haveria uma prostituta sem um seio, injuriada por não ter descoberto tudo, que lhe daria o braço ao lado de uma mulher quando fosse se casar. Olharia os olhos de seu filho quando o tivesse. Não estava pronto para conviver com isso. Não podia sequer imaginar como passaria o resto da vida sendo assombrado por uma mulher que deveria ter permanecido onde estava. Os mortos eram enterrados por isso. Para não assombrarem mais a vida de quem se importou com eles. No entanto, pegavam um braço inteiro quando lhe ofereciam as mãos, desenterravam-se e permaneciam na lembrança de quem os importunou.

O outro garoto apenas observava tudo ao seu redor. Os pés do amigo batendo o chão de madeira, o vento frio que batia na janela. Lembrou-se que, se Ubiratan não voltasse com sua bicicleta, arranjaria uma confusão em casa. Viu que Paulo estava com raiva. Ele não, estava apenas magoado. Confiara em Ubiratan. Aceitou-o em sua investigação tão preciosa, pediu sua ajuda e depositou tudo o que podia. Acabou trancado em um quarto de bordel sem saber o que acontecia. Não era o fim que esperava para a história. Não queria permanecer sem saber o que aconteceu com Anita, quem era Renato, e o que fizera. Imaginou como seria sua vida se não tivesse suas respostas. Alguma Anita sangrenta apareceria em seus sonhos. A idéia era aterrorizante. Só queria terminar a escola e seguir a profissão dos seus sonhos. Só precisava saber o fim, aí estaria tudo certo.

Na manhã do dia seguinte, Ubiratan já havia explicado toda a história. Até mesmo os detalhes sórdidos, não achava justo privá-los de qualquer coisa. Ao contrário do que esperava, não provocou um choque tão grande nos meninos. Paulo havia dito:

- Esse é um tipo de coisas que meu irmão diz que faz.

Estavam a caminho do lago. Os três juntos, sem nenhum tipo de raiva ou rancor ou até mesmo mágoa. Estava tudo resolvido. Anita foi morta por Renato, seu próprio irmão. Agora podia descansar em paz sem assombrar o futuro de nenhum deles. Paulo não tinha mais medo. Eduardo não tinha mais duvidas. Ubiratan sentia-se útil,depois de tanto tempo. Caminhavam em silêncio. Um silêncio cômodo. Palavra alguma poderia representar a pontinha avassaladora de orgulho que sentiam no fundo. Haviam resolvido um crime! Um velho e duas crianças. Ninguém esperava nada deles. Os passos eram leves, não havia mais nada sobre as costas.

Ao chegarem ao local onde antes estava o lago, sentiram o cheiro agridoce ao mesmo tempo. Os sentidos aguçaram-se. As pupilas dilataram-se. O medo voltou a assombrar-lhes a lembrança. Ao chão, jazia outra mulher. Desta vez com o peito esquerdo brutalmente arrancado. Paulo quis chorar. Eduardo quis correr. Ubiratan acreditou que era só um pesadelo. O rosto dessa vez estava coberto por um pano que um dia fora branco. No momento, era vermelho como o sangue que impregnava todos os lados. Em um lapso de coragem, Eduardo tirou o pano do rosto da mulher. Teve vontade de morrer quando viu Hanna, outra prostituta, com uma expressão distorcida e cheia de dor. Nem se fechassem os olhos agora, poderiam apagar a imagem que acompanhou-lhes pelo resto da vida. De novo. Não poderiam tirar aquele odor ferruginoso de suas lembranças. Poderiam fechar os olhos pela vida inteira. Nada jamais tiraria Anita, e agora Hanna, de seus pensamentos".

terça-feira, 27 de abril de 2010

PASES



A prova de Literatura do Pases, Programa de Avaliação Seriada para Ingresso no Ensino Superior da Universidade Federal de Viçosa, exige do candidato o conhecimento de noções básicas de teoria literária, como gêneros literários, elementos da narrativa, elementos da poesia, figuras de linguagem. Além dos traços característicos e principais autores e obras das escolas literárias, desde o Humanismo e Classicismo até o Arcadismo (para o PASES I) e até o Simbolismo (para o PASES II). O candidato deve ainda ler três obras literárias.
Para o PASES I, é preciso a leitura de "Marília de Dirceu", de Tomás Antônio Gonzaga; "Boca de chafariz", de Rui Mourão; e "O Alienista", de Machado de Assis. Para o PASES II, o candidato deve ler "Iaiá Garcia", de Machado de Assis; "Navio negreiro e outros poemas", de Castro Alves; e "Vestido de noiva", de Nelson Rodrigues.
Para quem pretende pleitear uma vaga em qualquer curso da UFV, necessariamente vai ter de enfrentar a prova de Língua Portuguesa e Literatura que sempre tem muito peso. Então, é importante ler as obras, já que resumo nenhum substitui - embora às vezes, se for bom, ajude a compreender - a leitura do livro. Em outras postagens, falarei um pouco sobre cada uma das obras literárias pedidas. Quanto ao estudo da literatura exigido para a prova, é prestar atenção às aulas e estudar bastante.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Desencanto

Hoje quero deixar aqui um texto que li recentemente e gostei muito. É de uma ex-aluna minha e do colégio: a Júlia Pessôa. Ela é jornalista, formada pela UFJF, e escreve para uma coluna do site Bafafáetc. Confiram! O texto é muito bonito e faz a gente pensar.

Desencanto
23/03/2010, por JÚLIA PESSÔA

Houve um tempo em que éramos baixos demais para alcançar o interruptor e tínhamos medo do escuro. Hoje já não tememos, e embora sejamos altos o suficiente para acender a luz, vivemos cabisbaixos e na escuridão. Neste mesmo tempo de outrora, nossas metáforas eram mais bonitas, e falavam de coisas comuns. Agora o comum endurece as metáforas e o que era para ser bonito torna-se exagerado, réplica de mau gosto de si mesmo.

Tempos atrás, estávamos cercados de amigos, o tempo todo. Hoje em dia temos cada vez menos amigos de verdade, e os vemos com uma freqüência que diminui a cada encontro. Bom mesmo era o tempo em que culpa era algo que sentíamos por quebrar alguma coisa ou roubar uns trocados da carteira de nossas mães. A culpa que carregamos hoje é um fardo muito mais pesado: por nossas dependências, nossas omissões, nossa incapacidade de sermos quem as pessoas que amamos gostariam que fôssemos.

Que saudade de quando tínhamos certeza do que seríamos quando crescêssemos, e essas possibilidades eram infinitas! Agora somos o que somos e vivemos nos perguntando o que poderíamos ter sido. “E já é tarde demais para sermos qualquer outra coisa”, pensamos. Teve aquela época em que amar era só escrever duas iniciais num coração flechado. Embora amar ainda seja uma das melhores coisas da vida, hoje sabemos que é preciso muito mais do que colocar letras lado a lado para sermos “felizes”, e esperamos, com tudo que resta de nossa fé, que seja “para sempre”.

Em outras épocas, nossos pais eram heróis. Imortais e inabaláveis. Depois que crescemos, aprendemos que o colesterol e os anos são implacáveis; e que muitas lágrimas caíram em silêncio, porque éramos crianças demais saber que elas existiam. Ainda me lembro de quando “preocupação” podia ser traduzido como “prova de Física”, “prova de Geometria” ou prova de qualquer coisa que a gente soubesse menos do que devia. Ultimamente temos contas, temos filhos, temos hora, temos prazos... e não temos mais segunda chamada.

Houve um tempo em que achávamos saber tudo da vida. Hoje em dia, continuamos carregando esta arrogância e posamos de donos da verdade, publicamos nossas audaciosas certezas em colunas virtuais. Ignoramos que a verdade é dona de si mesma, e a única coisa que ela nos diz...é que ainda temos muito a aprender.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O romance de Tristão e Isolda 2



A postagem é um pouco longa, mas achei necessária. Fala das origens da lenda de Tristão e Isolda e como ela se manteve viva até os dias atuais. Para quem está lendo o livro ou já leu, é interessante.

Tristão e Isolda é uma história lendária sobre o trágico amor entre o cavaleiro Tristão, originário da Cornualha, e a princesa irlandesa Isolda. De origem medieval, a lenda foi contada e recontada em muitas diferentes versões ao longo dos séculos.
O mito de Tristão e Isolda tem provável origem em lendas que circulavam entre os povos celtas do norte da Europa, ganhando uma forma mais ou menos definitiva a partir de obras literárias escritas por autores normandos no século XII. No século seguinte a história foi incorporada ao Ciclo Arturiano, com Tristão transformando-se em um cavaleiro da távola redonda da corte do Rei Artur. A história de Tristão e Isolda provavelmente influenciou outra grande história de amor trágico medieval, a que envolve Lancelote e a Rainha Guinevere. A partir do século XIX até os dias de hoje, o mito voltou a ganhar importância na arte ocidental, influenciando desde a literatura até a ópera, o teatro e o cinema.

A Lenda
O mito de Tristão e Isolda foi retratado de diferentes maneiras na Idade Média. Em linhas gerais a história pode ser descrita assim:
Tristão, excelente cavaleiro a serviço de seu tio, o rei Marc da Cornualha, viaja à Irlanda para trazer a bela princesa Isolda para casar-se com seu tio. Durante a viagem de volta à Grã-Bretanha, os dois acidentalmente bebem uma poção de amor mágica, originalmente destinada a Isolda e Marc. Devido a isso, Tristão e Isolda apaixonam-se perdidamente, e de maneira irreversível, um pelo outro. De volta à corte, Isolda casa-se com Marc, mas mantem um romance com Tristão que viola as leis temporais e religiosas e escandaliza a todos. Tristão termina banido do reino, casando-se com Isolda das Mãos Brancas, princesa da Bretanha, mas seu amor pela outra Isolda não termina. Depois de muitas aventuras, Tristão é mortalmente ferido por uma lança e manda que busquem a Isolda para curá-lo. Enquanto ela vem a caminho, a esposa de Tristão engana-o, fazendo-o acreditar que sua amada não virá. Tristão morre. Isolda, ao encontrá-lo morto, morre também de tristeza.

Origens do mito
As primeiras possíveis referências aos personagens de Tristão e Isolda são encontradas em textos medievais em língua galesa como as Tríades Galesas. Lendas com argumentos semelhantes, mas envolvendo personagens com nomes diferentes, podem ser encontradas em alguns textos irlandeses medievais, como a lenda de Diarmuid e Gráinne contida no Ciclo Feniano. Apesar de essas referências ajudarem a estabelecer que a lenda de Tristão e Isolda teve origem entre povos de língua celta do norte da Europa, os poucos textos existentes tornam difícil saber exatamente como seriam as primeiras versões sobre o tema que circularam na Alta Idade Média.
Alguns autores acreditam que a lenda de Tristão e Isolda poderia ter sido influenciada por uma história persa do século XI, Vis u Ramin. Considera-se mais provável, porém, uma origem no folclore celta europeu e que a semelhança com contos persas seja um paralelismo.

Primeiras obras literárias
As obras literárias mais antigas sobre Tristão e Isolda que chegaram até hoje são fragmentos de dois romances em verso escritos na segunda metade do século XII em francês antigo. O primeiro deles, composto no período entre 1160 e 1190 por um misterioso autor chamado Béroul, apresenta uma história de caráter popular e violento, relativamente pouco influenciado pela estética do amor cortês medieval. A outra obra é Tristan, escrita por Tomás da Inglaterra em cerca de 1170. Ao contrário da obra de Béroul, a versão de Tomás apresenta um Tristão perfeitamente integrado à estética "cortês" da época. É possível que as obras de Tomás e Béroul tenham se inspirado em um livro primordial celta, hoje perdido.
O grande poeta francês do século XII, Chrétien de Troyes, diz no prólogo de um de seus livros que escreveu uma obra sobre Tristão e Isolda. Essa obra, se é que foi realmente escrita, parece perdida atualmente.
Na mesma época, por volta de 1170, a poetisa francesa Maria de França escreveu um pequeno lai retratando um encontro secreto entre Tristão e Isolda e a dor da separação. No poema, Maria de França afirma que a história é intensamente contada e conhecida em seu tempo. Em cerca de 1185, Eilhart von Oberg escreveu Tristant em alemão antigo, baseando-se provavelmente na versão de Béroul. Outro alemão, Gottfried von Straßburg, escreveu ao redor de 1210 outro grande romance em verso em língua alemã, nesse caso inspirado na versão cortesã de Tomás de Inglaterra. Essa mesma versão foi usada na tradução em prosa em língua nórdica antiga feita por volta de 1227 pelo irmão Roberto, escritor francês da corte norueguesa.
Entre 1230 e 1240, foi terminada uma grande prosificação da lenda de Tristão e Isolda, atualmente denominada Tristão em Prosa que foi extremamente popular nos séculos seguintes.

Influências na Idade Média e Renascimento
Nos séculos seguintes, os primeiros livros sobre Tristão e Isolda continuaram a ser reelaborados, inspirando outros romances em prosa e poemas em vários países europeus.
A lenda foi particularmente popular na Itália, onde inspirou muitas obras desde o século XIII ao XV, inclusive muitos poemas (cantari) destinados a serem recitados em praça pública. Dante retratou Tristão no segundo círculo do Inferno - lugar dos luxuriosos - em sua Divina Comédia.
Em alguns lugares da Europa a fama da lenda continuou durante o Renascimento. Na Espanha foi publicado em 1501 um Libro del caballero Don Tristán de Leonís que alcançou enorme sucesso, sendo reeditado repetidas vezes até os anos 1530, ganhando inclusive uma continuação. De maneira geral, porém, a lenda de Tristão e Isolda perdeu importância a partir do século XVI.

Tristão e Isolda em português
Sabe-se que o mito de Tristão e Isolda chegou pelo menos no século XIII ao noroeste da península ibérica, onde se encontram Galiza e Portugal, havendo várias menções aos personagens da lenda nos cancioneiros de lírica galego-portuguesa. No Cancioneiro da Biblioteca Nacional, uma compilação de lírica medieval galego-portuguesa, há algumas poucas baladas e traduções livres de lais franceses que se referem ao mito. O rei-poeta português D. Dinis (1261-1325) compôs uma cantiga em que compara o seu amor por uma donzela com aquele de Tristão e Isolda:

"…quero-vos eu tal ben
Qual mayor poss' e o mui namorado
Tristan sey ben que non amou Iseu
quant' eu vos amo, esto certo sey eu,…"

Depois de um longo período de pouco interesse, o mito de Tristão e Isolda recobrou significado no século XIX, marcado pelo movimento romântico nas artes. Na literatura, por exemplo, o tema inspirou o poeta inglês Alfred Tennyson em um dos episódios de Idílios do Rei (1885). O tema também foi constante entre pintores românticos e modernos nos séculos XIX e XX.

Influência moderna
Talvez a mais famosa obra de arte moderna baseada no mito seja a ópera em três atos Tristan und Isolde, composta entre 1857 e 1859 pelo alemão Richard Wagner. A ópera, que retrata os personagens como heróis românticos, foi baseada na obra de Gottfried von Strassburg sobre a lenda. Já no século XX, o francês Olivier Messiaen compôs Turangalîla-Symphonie (1946-48) inspirada no romance entre Tristão e Isolda.
O mito chegou cedo ao cinema. Já em 1909 estreou o filme francês mudo Tristan et Yseult. Em 1948, Jean Delannoy dirigiu O Eterno Retorno, uma adaptação do mito aos tempos modernos, com Madeleine Sologne e Jean Marais nos papéis principais. Em 2006, chegou aos cinemas uma nova versão, Tristan & Isolde, produzida por Ridley Scott e estrelada por James Franco.